segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Futuro do Presente

Oi, filha! Você nem nasceu, mas mesmo assim eu to aqui, escrevendo pra você. Eu não tive coragem de te deixar vir ao mundo, sabendo que eu estaria tão pouco tempo nele junto com você. Não pude suportar a idéia de te deixar sozinha, quando ainda haveria tanta coisa pra te ensinar; antes de te deixar preparada pra lidar com esse mundo que pode ser tão cruel. Eu não suportaria saber que você ia sofrer e que eu não estaria aqui pra te porteger.

Mentira. Sei que você ia saber se virar muito bem sem mim. Você seria forte, inteligente, determinada. Sei que ia me surpreender e muito, deixando-me muitas vezes com cara de boba, deixando-me orgulhosa. Eu é que sou egoísta demais e não pude aceitar o fato de que você poderia sim continuar a viver e ser feliz mesmo sem mim e sem meus puxões de orelha. 

Não consegui imaginar não fazer parte da tua felicidade, não comemorar tuas vitórias, não te abraçar nas tuas conquistas. Não aceitaria não estar presente, não te incentivar nos momentos de dificuldade, não te consolar nas tuas dores e medos, pois, sim, por mais que eu desejasse que não, sei que esses momentos também existiriam.

Mas, filha, apesar de tudo isso, saiba que você foi muito amada e desejada. Você seria a realização de um sonho. E ter você nos braços com certeza seria o momento mais mágico da minha vida! Mesmo que eu não estivesse aqui, você estaria cercada de pessoas maravilhosas e cheias de amor pra te dar.

Você ia amar o seu pai. Acho que escolhi direitinho ele pra você! Tenho certeza que vocês não iam se desgrudar. Você ia achá-lo o melhor pai do mundo. Pra ele você seria a princezinha dele. E eu ficaria toda besta vendo vocês juntos.

Eu tenho certeza de que você ia ganhar muitos tios, além dos tios que você já teria só pela família da mamãe. A mamãe tem amigos que seriam como uma família pra você. E seria lindo ver amizades florecem e perdurarem.

Você adoraria conhecer a sua avó! Sei que se eu não estivesse aqui ela seria uma mãe maravilhosa pra você, pois ela foi uma mãe maravilhosa pra mim. E se eu tivesse a certeza de que eu conseguiria ser igual a ela, sei que você também teria muito orgulho de mim. Dizem que, ser avó, é ser mãe duas vezes, então nem imagino o tanto que ela também deve já amar você! E é bem provável que ela tivesse mais pique que eu pra te acompanhar até nas baladas! Sabe?! Sua avó sempre foi minha melhor amiga.

Eu gostaria muito de um dia também chegar a ser avó. Ia ser lindo te ver crecer, amadurecer, se apaixonar... Um dia te ver casar. E eu ia torcer pra você nunca ter que sofrer de amor! Ah... eu sei o quanto dói... e também sei o quanto a gente se sente impotente diante desse sofirmento. Mas se por acaso algo não desse tão certo assim, eu ia querer está aqui pra você, nem que fosse só pra te ouvir desabafar e reclamar, sabendo que eu estaria ali pra te apoiar e abraçar.

Filha, se eu estou aqui sonhando e escrevendo tudo isso pra você, é só pra registrar todo o meu carinho e meu amor por você. É uma pena que você não possa ler...

Mamãe

sábado, 31 de dezembro de 2011

Unknown

"You don't know me
Bet you'll never get to know me
You don't know me at all
Feel so lonely
The world is spinning round slowly
There's nothing you can show me
From behind the wall"


Caetano já dizia, ne?! “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o quê é”. Das lutas, conquistas, dores e alegrias de cada dia, cada um é que sabe das suas. Por isso sempre que vejo alguém com um sorriso nos lábios, valorizo e correspondo – vai saber o quanto aquele sorriso vale! E sempre que vejo um lágrima rolar ou rugas aparecerem, respeito - sabe-se lá os motivos. E como eu gostaria que isso fosse recíproco!

Que eu ame sempre mais e não desista nunca de acreditar, pois é preciso ser forte mesmo quando não se quer. Que eu seja correspondida, porque, pra se ser feliz, tem que ser uma via de mão dupla. Que eu tenha sabedoria e doçura pra dizer o que penso sem precisar ferir. Que eu continue a sorrir, mesmo nas dores, ainda que corra o risco de ser mal-interpretada. 

Que eu tenha paciência com os julgamentos de quem assiste tudo de longe e acha que sabe de toda a história, de quem confunde a maquiagem com a realidade, e o instante com o todo-dia. Que o silêncio não signifique esquecimento e que a distância não se torne indiferença (já que, infelizmente, nem sempre a proximidade significa intimidade também).

Eh.. Os dias não têm sido fáceis, mas ainda espero tudo melhorar.
Desejo continuar, viver, amar. Eu desejo tudo isso pra mim. 
E, quer saber?! Desejo tudo isso pra você.

Como dizia o Falabela, “saúde e paz – o resto a gente corre atrás.”

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 *Trecho de 'You Don't Know Me' de Caetano Veloso

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Someone Like You

É estranho, mas ainda me pego conversando com você. Na maioria das minhas noites de insônia, ou nos ônibus, lotados ou não, é sempre você que acaba me fazendo companhia. Ainda temos longas conversas e eu consigo ouvir nitidamente a sua voz. Ainda te conto tanta coisa... Seu sotaque continua inconfundível.

Ainda discutimos. E consigo antever todos os seus argumentos e conclusões. Ainda insisto em dizer. Mas tudo é tão assustadoramente real que me pego com saudade do tempo em que as conversas eram boas e leves, que me faziam rir, ou que os desabafos mútuos encontravam consolo.

Ultimamente tudo termina em desacordo. E aquele que costumava me ouvir e desabafar comigo parece um ser distante, que se perdeu no meio de tantas revoltas mal-resolvidas, com uma agressividade incontida, onde um tão falado 'perdão' parece não habitar.

Onde foi parar tudo aquilo que se dizia ser amor? Em algum lugar que já não é aqui. Pois já não há espaço pra ele onde continuam a se remoer sentimentos de mágoa e abismos de silêncio. Se há apenas palavras que machucam, não vale mais a pena insistir nesse diálogo de vozes surdas. Vai em frente e seja feliz! I wish nothing but the best for you.

Já não cabem mais cobranças insensatas, quando há coisas de que não se está disposto a abrir mão. Já não há o que negociar. Acho que é hora de parar de culpar teorias da conspiração e arcar com as consequências das próprias escolhas. Chega de se colocar no papel de vítima. Escreve tua história, pois a minha escrevo eu.

Chega de ficar nessa de 'stuck in a moment'. It's time to move on. Talvez devamos ser protagonistas de histórias diferentes, pois, essa de ser coadjuvante e ficar parado reclamando e esperando parado algo acontecer, eu, pelo menos, nunca me contentarei em ser.


"Nada em mim foi covarde, nem mesmo as desistências.
Desistir, ainda que não pareça, foi meu grande gesto de coragem."
- Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Saudades

Sinto saudades do teu toque
Do teu rosto e teu sorriso
Dos teus lábios nos meus lábios
De falar a mesma língua

Língua. A tua na minha.

Perfeita sintonia de olhares
Que se entendem no absoluto silêncio
Torna palavras desnecessárias
Quando se respira o mesmo ar

Quando há tanto a dizer
Quando o coração dispara
Quando emoções pululam
Quando perde-se a fala

O tempo é uma ilusão
Quando estamos juntos
Temos a eternidade
Pra quê pressa?

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Poema escrito em maio de 2008 e nunca antes publicado.
Rest in peace here.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Das coisas não ditas.

Há tanto pra dizer e tantas coisas que gostaria de contar. Te falar de como têm sido os dias, que simplesmente passam sem parar, e de tantos acontecimentos e esquecimentos, dos pequenos encantamentos de uma rotina agitada. Te contar do que ando fazendo, de como ando correndo. Eu provavelmente ia reclamar do cansaço e ia falar da falta que faz o teu abraço. Eu ia te contar de gente que você nem conhece, mas que faz parte de mim. Eu ia falar de quem nem eu conheço, mas que em algum momento me fez rir. Eu queria te falar de mim. 

Te encontrar pra um almoço, andar por aí com as mãos no bolso. Falar do tempo, dos dias de sol e vento, das chuvas desprevenidas, das sombrinhas esquecidas... É... o clima tem andado louco. Te contar do trânsito e de todo o sufoco, do casal apaixonado que vi no ônibus, ou das músicas que ouvi enquanto olhava a janela e me peguei sorrindo lembrando de você. 

Eu poderia te contar da minha imensa dor e chorar no teu ombro meus desalentos, te ver me acalmar de todos os meus medos, e a gente acabar rindo jogados no sofá. Eu poderia estudar te fazendo cafuné te explicando tudo aquilo que você nem queria saber. Te contar dos casos clínicos e te fazer de cobaia ao mesmo tempo. Te demonstrar todos os meus aprendizados do último curso, falar de todos os planos pro futuro, compartilhar minhas alegrias e as pequenas conquistas de cada dia.

Eu poderia te ligar, assim, como quem não quer nada. Apenas pra te contar o sonho dessa madrugada. Só pra falar da falta, pra fazer você saber dessa saudade calada, da saudade cansada de tanto desencontro. Poderia pedir colo e carinho. Reclamar dessa história de ter sempre que estar 'sozinho'.  Eu poderia dizer que te amo, sussurrar milhões de vezes baixinho. Ou quem sabe gritar e acordar todos os vizinhos.

Eu poderia dizer tudo isso mas já não te interessa ouvir. 
Foi você quem quis se perder de mim. 
O que não sabes é o quanto de mim ainda está perdido em ti.


         “Penso sempre que um dia a gente vai se encontrar de novo, e que então tudo vai ser mais claro, que não vai mais haver medo nem coisas falsas. Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir. São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas - se um dia a gente se encontrar de novo, em amor, eu direi delas, caso contrário não será preciso.”  Caio Fernando Abreu.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O Fim do Mundo

Disseram que o mundo ia acabar. Mas as pessoas dizem muitas coisas. Dizem, mas não sabem o poder que suas palavras têm. O poder de destruir mundos inteiros, sonhos e futuros. O fim nem sempre vem com gritos, explosões ou terremotos. A morte pode ser lenta, torturante, silenciosa. Morre-se aos poucos, um pouco a cada dia. Sentindo-se por vezes impotente diante da pior das armas: a indiferença. O silêncio também mata. Às vezes, pra se viver, é preciso deixar de se escutar o que é dito. Outras tudo que se precisa é de uma palavra para que ainda exista sentido sobreviver. O mundo, por enquanto, continua aí. Quem morre somos nós, de infinitas mortes.

Ressuscitaremos, enquanto nos restar o AMOR.

sábado, 12 de março de 2011

Palavras pra quê?

Eu tinha tanta coisa pra dizer. Tudo parecia tão urgente, tão lógico. Pensamentos que vinham sem parar na minha mente, conversas inteiras que imaginei durante horas. Mas na sua frente tudo consegue simplesmente desaparecer. As palavras me fogem.  Eu fico com cara de boba, perco a fala, esqueço tudo, não sei o que dizer. Pensei então que eu devia escrever... Desisti. Palavras pra quê?